Venda de Terras Raras para a China Triplica em 2025

O comércio entre Brasil e China atingiu um novo patamar em 2025, com um dado que acendeu todos os alertas do mercado: as vendas de terras raras brasileiras para o gigante asiático triplicaram no primeiro semestre, em comparação com todo o ano de 2024.

Mas por que esse interesse chinês explodiu justamente agora e o que isso significa para a economia brasileira?

A resposta está na corrida global pela transição energética e tecnológica, onde os 17 elementos químicos da tabela periódica que são classificados como minerais de terras raras, essenciais para a fabricação de ímãs de alta potência, veículos elétricos e turbinas eólicas, são pontos-chave.

Para o Brasil, dono da segunda maior reserva do mundo, a questão não é mais se vamos entrar nesse jogo, mas como vamos jogá-lo.

A China e as Terras Raras Brasileiras

O interesse da China nos minerais estratégicos do Brasil não é um fato isolado. Pelo contrário, é um movimento calculado e consistente, parte de uma estratégia de longo prazo para garantir o suprimento de matérias-primas importantes para sua indústria de ponta.

A China já é, de longe, o principal destino das exportações de minérios brasileiros em geral, comprando mais de 280 milhões de toneladas em 2024.

Nos últimos anos, vimos esse apetite se materializar em aquisições bilionárias:

  • A BYD, gigante de veículos elétricos, adquiriu direitos de exploração de lítio no Vale do Jequitinhonha (MG) em 2023.
  • A estatal CNT comprou a operação de estanho da mineradora Taboca, na Amazônia, por R$ 2 bilhões em 2024.
  • A MMG adquiriu ativos de ferro-níquel e projetos futuros em Goiás, Mato Grosso e Pará por R$ 2,8 bilhões em 2025.

Essa ofensiva reflete a posição dominante da China: o país já refina 92% das terras raras do mundo, 72% do lítio e 98% do manganês. Ao investir diretamente na extração no Brasil, a China garante seu insumo e fortalece o controle sobre toda a cadeia produtiva global.

O Paradoxo Brasileiro: Riqueza de Terras, Produção Tímida

Aqui reside um dos maiores paradoxos da nossa economia. Segundo dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o Brasil possui a segunda maior reserva de terras raras do planeta, com 21 milhões de toneladas. Estamos atrás apenas da própria China, que detém 44 milhões.

No entanto, nossa produção é quase simbólica: enquanto a China produziu 270 mil toneladas em 2024, o Brasil extraiu apenas 20 toneladas.

Essa discrepância gritante mostra que, por décadas, deixamos essa riqueza adormecida no subsolo por falta de investimentos, tecnologia e, principalmente, uma política industrial clara para o setor.

A boa notícia é que esse cenário pode estar mudando, com projetos de lei como o PL 2780/24 buscando criar uma Política Nacional de Minerais Críticos e linhas de crédito para pesquisa e desenvolvimento.

Imagem promocional com logo da B2Brazil junto ao texto "Alcance novos mercados! Exporte com confiança na B2Brazil. Saiba mais!". Ao fundo uma pessoa mexendo em um computador que tem um mapa mundi na tela.

O Dilema: Exportar Mineral Bruto ou Agregar Valor?

O avanço chinês reacende um debate histórico no Brasil: devemos continuar sendo meros exportadores de matéria-prima bruta ou devemos lutar pela verticalização da produção?

A ideia de processar os minerais aqui, agregando valor e tecnologia para vender produtos mais caros, como ímãs e componentes, é um desejo antigo da indústria nacional. Isso significaria mais empregos qualificados, desenvolvimento tecnológico e uma posição mais estratégica no cenário global.

Contudo, especialistas do setor, como o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), alertam que o caminho não é criar barreiras e restrições excessivas ao capital estrangeiro. O investimento, inclusive o chinês, é fundamental para tirar os projetos do papel. A solução, segundo eles, passa por melhorar a competitividade do país, garantindo segurança jurídica e tributária e investindo em infraestrutura.

O desafio é calibrar a regulamentação para atrair capital sem abrir mão de uma estratégia que beneficie a indústria local.

Para empresas que desejam entrar nesse mercado em expansão, o primeiro passo é se posicionar globalmente. Conheça ferramentas como a B2Brazil para se tornar um vendedor internacional e aproveite essa onda de oportunidades.

Navegando Pelas Oportunidades do Comércio Exterior

Este movimento pelas terras raras não é um evento isolado: ele se insere em um contexto muito positivo para o comércio exterior brasileiro. Trata-se de um cenário maior, onde as exportações brasileiras bateram recordes no primeiro semestre de 2025, impulsionadas pela demanda por commodities e produtos industrializados.

Para as empresas que atuam ou pretendem atuar no comércio internacional, especialmente em transações de alto valor como as do setor mineral, a gestão financeira é um pilar de sucesso. A volatilidade do dólar pode transformar um negócio lucrativo em um prejuízo.

Por isso, em um comércio de cifras tão elevadas, é importante proteger-se das variações cambiais. Entender o que é e como funciona o câmbio futuro pode ser um diferencial competitivo para garantir a previsibilidade e a segurança das suas margens.

Um Futuro a Ser Construído

O Brasil está diante de uma encruzilhada estratégica. O crescente interesse da China em nossas terras raras e outros minerais críticos é um sinal claro do nosso potencial e uma oportunidade que não pode ser desperdiçada. Ignorar o capital e a demanda chinesa é inviável, mas aceitar um papel passivo na cadeia global é vender nosso futuro a preço de banana.

O caminho para o sucesso passa por um equilíbrio delicado entre atrair investimentos estrangeiros e fomentar a indústria nacional, criando um ambiente de negócios competitivo e investindo em tecnologia.

O futuro do Brasil como potência na economia da transição energética está, literalmente, em nosso subsolo. A forma como vamos explorá-lo nos próximos anos definirá nosso lugar no mundo.